Quanto mais a população envelhece, menor é o número de pessoas em idade ativa e maior o tempo de permanência no mercado de trabalho.

A expectativa de vida no Brasil era 52,5 anos em 1960 e passou a 77 anos em 2022. A taxa de fecundidade caiu de 6,3 filhos por mulher em 1960 para 1,7 em 2022. O envelhecimento da população brasileira é um fenômeno que traz desafios e oportunidades para o mercado de trabalho. Segundo o último censo do IBGE, metade da população brasileira já passou dos 35 anos e as pessoas de 65 anos ou mais representam 10,9% da população, um recorde histórico.

Isso significa que o Brasil não se beneficia mais do bônus demográfico, ou seja, da força de trabalho jovem e de mais profissionais entrando do que saindo do mercado de trabalho.

Essa ordem se inverteu e mais pessoas na fase de pós-carreira pode gerar escassez de mão de obra qualificada e aumento dos gastos públicos com previdência e saúde.

Diante desse quadro, novas mudanças nas regras previdenciárias poderão ser necessárias, segundo o diretor da Fundação Itaúsa, Herbert de Souza Andrade. Ele mesmo viu o próprio direito à aposentadoria ser esticado em sete anos com a reforma de 2019. Este adiamento abre uma lacuna de tempo para o profissional mais velho, que não encontra oportunidade de trabalho no mercado atual nem alcançou a idade para receber o benefício público.

Etarismo

Outra variável que impacta o mercado de trabalho é que o ambiente corporativo ainda precisa incorporar os profissionais 60+ ou mesmo 50+ em seus programas de inclusão. Segundo uma pesquisa da consultoria Ernst Young, 78% das empresas se consideram etaristas, ou seja, não têm políticas para evitar a discriminação por idade em seus processos seletivos.

Sem expectativa de emprego, o profissional pode se sentir desestimulado a investir em educação e atualização constantes, que são imprescindíveis para se manter empregável. Se as empresas não reavaliarem essa postura etarista, o próprio envelhecimento da população vai se encarregar de realocar os profissionais mais experientes. “Em um determinado momento faltará jovens para ocupar todas as vagas”, diz o diretor da FII.

Além do envelhecimento da população, tem ainda o fator tecnologia, como a inteligência artificial, que deve transformar o mercado de trabalho. “Pode ser que o trabalho que a gente faz hoje, amanhã seja de outro jeito. Então, precisamos preparar as pessoas para um cenário em que, talvez, muitos empregos

Oportunidade

Por outro lado, o envelhecimento também deve ser visto como uma fonte de inovação e diversidade para o mercado de trabalho, pois as pessoas mais velhas podem contribuir com sua experiência, conhecimento e criatividade para diferentes setores e atividades. Além disso, o aumento da expectativa de vida permite que as pessoas trabalhem por mais tempo, se reinventem profissionalmente e busquem novas formas de aprendizado e realização.


Essa oportunidade só pode ser aproveitada se houver políticas públicas estruturais de longo prazo com foco na capacitação profissional da população, no aumento da produtividade do trabalhador brasileiro e na ampliação do mercado de trabalho para os 50+. Isso pode elevar os salários, colaborar para melhorar a atividade econômica do país e aliviar a pressão sobre os serviços de assistência social.

Políticas indutoras

Para Herbert, é importante haver políticas indutoras para o Brasil valorizar a diversidade geracional e promover a integração entre as diferentes faixas etárias, tanto no ambiente de trabalho, quanto na sociedade em geral. “Devemos aproveitar as potencialidades
do envelhecimento e construir um futuro mais sustentável e inclusivo.”

O atual cenário mostra que é cada vez mais necessário planejar o pós-carreira, o que inclui um plano de previdência complementar. Quanto antes começar a poupar, mais tempo se tem para diluir o investimento mensal necessário para alcançar a meta desejada. Promover este tema para debate nacional sobre previdência é extremamente necessário   e urgente, segundo Herbert. “

As pessoas precisam se organizar para o futuro”, conclui ele.

As cidades estão preparadas para as pessoas idosas?

Para medir o grau de preparação dos municípios brasileiros para o envelhecimento de suas comunidades, o Instituto de Longevidade criou o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL). Trata-se de um instrumento que avalia a oferta de serviços e infraestrutura nas áreas de saúde, bem-estar, finanças, educação, cultura, habitação, mobilidade, segurança, entre outras, com foco na população 60+.

Em sua terceira edição, lançada em 2023, o IDL incluiu todos os 5.570 municípios brasileiros e criou a categoria, Cidades Médias, para preservar a homogeneidade entre cidades com tamanho populacional semelhante. Assim, o IDL se torna uma ferramenta mais abrangente e precisa para orientar as políticas públicas e as ações da sociedade civil voltadas para a longevidade.

O IDL 2023 revela as melhores cidades para quem quer viver mais e melhor em cada região do país, em cada faixa populacional e em cada dimensão avaliada. Também mostra os pontos fortes e fracos de cada município, indicando as áreas que precisam de mais atenção e investimento.
Consulte o IDL aqui.

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