O etarismo discrimina e exclui indivíduos por sua idade, criando barreiras no mercado de trabalho, nas relações sociais e até mesmo dentro de casa.

Em um mundo obcecado pela juventude eterna, a velhice pode ser entendida como um fardo, um estigma que segrega e silencia. Mas na verdade é um preconceito, que tem nome e é crime. Chama-se etarismo, também conhecido como idadismo ou ageísmo e se manifesta contra as pessoas com base em sua idade, sendo muito mais comum em relação às pessoas idosas.

Além do culto à juventude, as raízes do etarismo se entrelaçam com a desvalorização da experiência de vida e a associação equivocada da velhice com doença e incapacidade. Estes estereótipos e mitos perpetuam um olhar distorcido e reforçam a ideia de que os mais velhos são improdutivos, ultrapassados e dependentes, quando na verdade têm muito a contribuir se tiverem oportunidade de compartilhar suas experiências.

Efeitos devastadores

As vítimas do etarismo sofrem de diferentes formas. No mercado de trabalho, a dificuldade de recolocação. Nas relações sociais, a infantilização e o isolamento. E dentro de casa, a negligência e a violência, muitas vezes sutis. Os efeitos podem ser devastadores para a saúde física e emocional das vítimas, com potencial para desencadear ansiedade, baixa autoestima e até depressão.

Legislação e proteção

O Estatuto da Pessoa Idosa garante direitos e proteção a essa parcela da população e deixa claro que etarismo é crime. Mas para dar um basta à tirania da idade, é preciso mais do que Lei. É necessário um esforço coletivo para desconstruir estereótipos e promover o respeito à dignidade humana. Ou seja, o combate ao etarismo exige uma mudança de mentalidade.

Algumas ações possíveis com este objetivo podem ser:

  1. no mercado de trabalho, as empresas podem realizar programas de mentoria intergeracional e treinamentos sobre etarismo, para construir um ambiente mais justo e inclusivo.
  2. nas escolas, incluir conteúdos sobre o processo de envelhecimento e a intergeracionalidade nos currículos escolares.
  3. na sociedade como um todo, campanhas de conscientização que promovam o diálogo entre as diferentes gerações.

 

Uma coisa é certa. É necessário agir agora para que possamos construir um futuro onde a maturidade seja valorizada e a velhice entendida e aceita como uma etapa natural da vida, com suas próprias belezas, desafios e, claro, necessidades.

O que diz a Lei

Art. 4. Nenhuma pessoa idosa será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.


Art. 27. Na admissão da pessoa idosa em qualquer trabalho ou emprego, são vedadas a discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir.


Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:

Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.

Por meio de histórias lúdicas e personagens queridos e icônicos, como a Mônica, a revista busca desmistificar estereótipos e promover o respeito mútuo.

Turma da Mônica no combate ao preconceito

Unidos pela luta contra o etarismo, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e o Instituto Mauricio de Sousa lançam uma revista em quadrinhos com a Turma da Mônica sobre o tema. O objetivo é sensibilizar crianças e adolescentes sobre envelhecimento, inclusão e solidariedade, para estimular o diálogo intergeracional, fortalecer vínculos familiares e construir uma cultura de respeito à diversidade.

Com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2024, a publicação será direcionada ao Ensino Fundamental. “É essencial mostrar que as pessoas idosas precisam ter seus direitos respeitados e que todos ganham com a convivência entre diferentes gerações”, afirma Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica.

A parceria entre o MDHC e o Instituto Mauricio de Sousa representa um passo importante na luta contra o preconceito e na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

Etarismo em todas as idades

Um futuro sem etarismo depende de evitar o preconceito em todas as idades que, embora mais raro, pode se manifestar também dos mais velhos contra os mais jovens. Uma frase clássica como exemplo: “Ele é muito jovem para o cargo, não tem experiência”.

A falta de experiência é fato, mas não quer dizer que o jovem não tenha competência. Então todos precisamos estar atentos ao preconceito que mora em nós.

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